domingo, 12 de abril de 2009

"Parla!" (Da Necessidade de Comunicar)

Comunicar-se. Tentativa de interagir, amiúde para expormos a "nossa" (quão original será?) visão de mundo. Admiro os colunistas de jornais e revistas. Quase os invejo - resigno-me em não possuir diuturna verve, de tal facúndia ou articulação inteligente para com o público. Quando muito, aborreço-me e troco de leitura: alguns me parecem muito limitados nos recursos de estilo, outros, piores, na precariedade das suas opiniões. Quase todos, contudo, escritores de elevado talento quando a mim ombrados.

Comunicar-se. Boa parte tenta desabafar a solidão intelectual, ponderar pelo poder de arregimentar (adeptos às suas razões). Convencer. Sou mais afeito aos que tentam avaliar suas ideias a melhor juízo, algo como o aprendiz vitalício que anseia pela opinião do especialista; ou a espera que se tem pelo material sujeito a testes de laboratório. Haverá algum grau de pureza? Um pouco do belo e real, a escapar incólume do entulho mundano?

Enfim, denuncio o meu apreço aos bem intencionados formadores de opinião, pessoas que estão conscientes da colossal responsabilidade - enorme na proporção do desafio dialético. E que ainda assim, desenham com graça, técnica e vivacidade as palavras necessárias. Composições que gostaríamos de ter postulado, em dia único de inspiração. (Tão incidental que beira o acidental.)

Corvus albus. Avis rara.

2 comentários:

  1. Diário de Batalhas
    EM MOMENTOS COMO AGORA
    Há quem busque um alento ou esperança metafísica em ocasiões de crise. Melhor fossem as pessoas movidas por uma vitalícia gratidão ou pela intuição holística de uma beleza imensurável (à disposição dos que buscam perenemente uma comunhão). Lamentavelmente, tornamo-nos mais sensíveis à Verdade quando fragilizados, vulneráveis e pequenos (como de fato somos). Porém no êxtase e nas circunstâncias eufóricas também se verifica tal paradoxo: a sutileza evidente, contagiante e arrebatadora.
    Por semanas estou atravessando o deserto. Percebendo a fadiga, insegurança à espreita, na iminência do golpe por assalto, soslaio e capcioso (porquanto, raramente é frontal e anunciado). Dores. Lamentações. Arrependimentos. Leves ou contidos desesperos. Gostaria de jazer no campo, nas tardes coloridas e quentes, sob chuvas de verão, adormecido, em estado de semivigília, a adivinhar os afagos dos braços do Pai.
    Contudo, ainda sou convocado ao prélio, nos desafios da carne e do lamaçal mundano, como recruta compromissado e em débito com os seus. Saudoso de um lar por ele idealizado, que ora vacila nas derrotas e frustrações, porém não pode abandonar o bastião de sua própria existência: a fé nAquele que fortalece. Hoje eu choro, mas sei que a alegria virá pela manhã. Silencio os pensamentos, remeto-me a uma entidade formada pela maior concentração de amor do universo. Então me deito na serenidade de sua presença santa, reanimo a alma, sou sua ovelhinha resguardada com carinho e misericórdia infinitos. Assim, mantenho-me em marcha. Não sei quando, nem como, mas confio no Senhor a vitória total em minha vida. Ele é fiel para completar a obra milagrosa que fundou em mim. Amém!
    - “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (1 João 1:9)

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  2. (...) E também ocorre certa peça de resistência, à guisa dos ciclos fatais de Maquiavel (e a História se repete); aquela verve –ou sanha- recorrente na esteira das ideologias de discurso pretensamente libertário. Chamo-as de “filosofias neoliberais”. Figura fácil dos bancos universitários e colunas de jornais e revistas. Seja pela sofisticação de um vanguardismo (?) a uma conduta individualista, seja na reedição do nihilismo ao panteísmo -a avocar uma independência plena ao aventureiro humano, incongruentemente mediante os alienantes “nada” e “tudo”. Sofismas a deturpar verdades relativas, pois quando se pretendem maiores liberdades “morais” à nossa raça, qual a diferença restará perante as demais? Se nossos instintos animais serão os juízes a condicionar a razão, se os comportamentos não ultrapassarão meros reflexos de natureza egocêntrica, negaremos a cadeia evolutiva em nome de um rompimento libertino, rasgaremos o tecido social e suas implicações de responsabilidade coletiva. Os impulsos volitivos –e primitivos- serão nossas prioridades, graças aos açodados embustes cognitivos.
    Sim, os tempos são sufocantes. Mas o real Übermensch encontra-se distante de um modelo desregrado e autônomo, insubordinado e convergente a si próprio! A válvula de escape –a saída ao invés do paliativo- consiste em um autodomínio gradual, em uma agradável transformação de caráter, no prodígio de uma reconstrução a olhos vistos, “crisálida de personalidade”, processo que se torna exequível pelo ilimitado poder sobrenatural do Criador, aqui identificado pelo ensinamento amoroso e santo de Jesus Cristo, seu Filho.
    Apresenta-se capciosamente atraente a ideia da insurgência heroica contra a opressão dos preceitos religiosos. Mas é nessa rebeldia, parece-me, que se verifica a essência emasculadora do potencial humano, ao cercear ou até mesmo tolher a capacidade de observação e experimentação com o “algo mais” (nossa ascendência metafísica). Com efeito, somos premidos a fulcrar nossa ponderação dialética ao mais profundo, milenar e confiável instinto: o de pertencermos, afinal, às estrelas.

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